Proudhon e as teorias do conhecimento

Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865)


Em Filosofia do progresso (1853), Proudhon reflete sobre a querela entre racionalistas e empiristas, chegando a conclusão de que ambos estão apenas parcialmente corretos acerca da origem das ideias.

"É um erro, na minha opinião, que entre os filósofos, alguns, como Locke e Condillac, tenham afirmado explicar todas as ideias com a ajuda dos sentidos; outros, como Platão e Descartes, negam a intervenção dos sentidos e explicam tudo pelo inatismo; os mais razoáveis, finalmente, com Kant à frente, fazem uma distinção entre as ideias e explicam algumas pela relação dos sentidos e outras pela atividade do entendimento. Para mim, todas as nossas ideias, sejam intuições ou concepções, vêm da mesma fonte, a ação simultânea, conjunta, adequada e, no fundo, idêntica dos sentidos e do entendimento" (Proudhon, 1853).

No trecho citado, a reflexão proudhoniana lida com questões próprias a teoria do conhecimento, "disciplina filosófica que visa estudar os problemas levantados pela relação entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido" (Japiassú, Marcondes, 1999, p. 51).

A posição mais sensata para Proudhon seria aquela de que as ideias se originam da combinação de sentidos e entendimento.

Dessa forma, Proudhon se diferencia tanto do empirista Locke quanto do racionalista Descartes. Por outro lado, complexifica o posicionamento de Kant, produzindo, assim, a sua própria teoria do conhecimento, que advoga a origem das ideias (intuições ou concepções) nos sentidos e no entendimento.

Raphael Cruz


Referências

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 3° ed. rev. e ampliada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.

PROUDHON, Pierre-Joseph. Philosophy of progress [1853]. Disponível em: https://theanarchistlibrary.org/library/pierre-joseph-proudhon-the-philosophy-of-progress. Acessado em: 19 jan 2023.

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