Proudhon em dicionários

Este dicionário apresenta verbete coerente com a biografia e a obra de Proudhon


Consultei dicionários e notei ser mais fácil encontrar verbete sobre Proudhon nos de filosofia do que nos de sociologia. Mesmo tendo Proudhon usado a expressão ciência social ainda em 1846, e diversos sociólogos, tais como Bouglé, Gurvitch e Ansart, o reconhecerem como um dos fundadores da sociologia, ao lado de Saint-Simon e Comte. 

Encontrei, ainda, um verbete sobre ele num dicionário de economia editado no Brasil nos anos 1990. Seu verbete num dicionário soviético de filosofia dos anos 1960, terá uma postagem à parte neste blog.

Abaixo, trago os verbetes sobre Proudhon identificados em minha breve pesquisa.

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CASO 1 - Proudhon. JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 3° ed. rev. e ampliada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.

Proudhon, Pierre Joseph (1809-1865). O socialista francês Pierre Joseph Proudhon (nascido em Besançon) foi um dos primeiros pensadores a propor uma ciência da sociedade. Em seu livro O que é a propriedade? (1840), estuda o fenômeno da propriedade sob todos os seus ângulos: histórico, jurídico, moral, filosófico, econômico, etc. e mostra seus malefícios sobre a estrutura social. "A propriedade é um roubo", diz ele. Entregou-se à militância política com ardor: "A igualdade ou a morte", "Não queremos vossa caridade, queremos a justiça". O que eu quero, declara, "é a destruição do feudalismo e a organização da cidade econômica". Escreveu a Filosofia da miséria (1846), contra a qual Marx antepôs a Miséria da filosofia. Em seu último livro, Da capacidade política das classes operárias, publicado postumamente, sustentou que o proletariado só pode ser considerado força política sob três condições: a) ter consciência de sua dignidade, de seu papel e de seu lugar na sociedade; b) poder analisar e expor esse papel; c) poder deduzir dessa análise um programa de ação política. Marx o critica em função de Proudhon acreditar que a organização da sociedade será o equilíbrio, graças à sociologia, entre a ordem da natureza e a ordem política; porque acredita também numa evolução espontânea da sociedade; porque, enfim, acredita que "a república deve ser uma anarquia positiva", não havendo mais Estado, só contratos sociais. As suas obras principais são: Qu'est-ce la propriété? (1840), La philosophie de la misère (Système des contradictions économiques, 1846), Du principe fédératif et de la nécessité de reconstituer le parti de la révolution (1863), De la capacité politique de la classe ouvrière, póstuma.

CASO 2 - Proudhon. BLACKBURN, Simon. The Oxford Dictionary of Philosophy. New York: Oxford University Press, 1996.

Proudhon, Pierre-Joseph (1809-65) Figura fundadora do anarquismo francês. Proudhon ganhou fama com Qu'est-ce que la propriété? (1840, trs, como What is Property?, 1876). A célebre definição de propriedade como roubo representa, de fato, a preocupação central da obra, que não é a abolição da propriedade privada, mas a necessidade de que cada pessoa controle os meios de produção que utiliza. Proudhon via tanto os direitos de propriedade irrestritos quanto o comunismo como dispositivos para controlar as pessoas e destruir a igualdade. A saída certa depende de uma rede de contratos livres que respondam aos interesses de cada participante e tornem desnecessário o governo coercitivo. O socialismo liberal ou libertário de Proudhon foi o contrapeso central para a versão autoritária do marxismo. Ele desempenhou um papel na revolução de 1848, sendo preso por ataques a Louis Napoleon em seu jornal, Le Représentant du peuple ("The Representative of the People"). Outros trabalhos incluem Les Confessions d'un révolutionnaire (1849, trs. como Confessions of a Revolutionary, 1876).

CASO 3 - Proudhon. Gvozden Flego (autor do verbete). AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge University Press, 1999.

Proudhon, Pierre-Joseph (1809-65), teórico socialista francês e pai do anarquismo. Ele ficou famoso após a publicação de What Is Property? (1840), a obra que contém suas ideias principais. Ele argumentou que o proprietário dos meios de produção priva os trabalhadores de uma parte de seu trabalho: "propriedade é roubo". Para que cada trabalhador possa dispor de seu trabalho, o capital e a propriedade em grande escala devem ser limitados. A necessidade de abolir a propriedade privada em larga escala suplantava a necessidade imediata de um Estado como agente controlador sobre as relações sociais caóticas. Para isso, enfatizou a necessidade de reformas sérias no sistema de intercâmbio. Como a economia e a sociedade dependiam em grande parte do sistema de crédito, Proudhon defendeu o estabelecimento de bancos populares que aprovassem empréstimos sem juros para os pobres. Tal mutualismo iniciaria a transformação do real em uma sociedade justa e não explorada de indivíduos livres. Sem antagonismo de classe e sem autoridades políticas, tal sociedade tenderia para uma associação de coletividades comunitárias e industriais. Ela caminharia para uma federação mundial livre, baseada na autogestão. A principal tarefa da ciência social, portanto, é manifestar esta lógica imanente dos processos sociais. As ideias de Proudhon influenciaram anarquistas, populistas (Bakunin, Herzen), e sindicalistas (Jaurès). Sua concepção de autogestão foi uma inspiração importante para o conceito posterior de soviets (conselhos). Criticou as desigualdades da sociedade contemporânea do ponto de vista de pequenos produtores e camponeses. Embora eclético e teoricamente bastante ingênuo, seu trabalho atraiu a atenção séria de seus contemporâneos e levou a um forte ataque de Marx em A Sagrada Família e a Pobreza da Filosofia.

CASO 4 - Proudhon. MARSHALL, Gordon (Ed.). The concise Oxford dictionary of sociology. Oxford: Oxford University Press, 1994. [p. 246]

Proudhon, Pierre-Joseph (1809-65). Um cervejeiro francês autodidata, pensador socialista precoce e militante, que popularizou os ditos "Deus é o mal" e "propriedade é roubo". Ele é amplamente considerado o fundador do anarquismo político, embora seus próprios seguidores tenham aplicado o termo "mutualismo" a suas crenças, enfatizando a necessidade de justiça como o meio de acabar com os conflitos na sociedade. Proudhon defendeu as cooperativas de produção e os bancos mútuos sem juros como a base para a reorganização da sociedade. Sua doutrina se situava entre o anarquismo individualista extremo e aqueles que vislumbram um comunismo anarquista. Enfatizava as paixões violentas dos indivíduos e a necessidade de que a família as controlasse. Sua obra As contradições econômicas, ou a Filosofia da Miséria (1846), provocaram uma grande réplica de Karl Marx.

CASO 5 - Proudhon. Novo dicionário de economia. São Paulo: Círculo do Livro; Best Seller, 1994.

PROUDHON, Pierre Joseph. Pensador francês (1809-1865), precursor do anarquismo, um dos mais influentes teóricos dos movimentos reformistas do século XIX. Combatia a religião e o Estado, rejeitando toda a autoridade. Só admitia a autoridade da justiça igualitária, que significaria "reconhecer no outro uma força igual à nossa". Condenava a propriedade capitalista, por admitir a renda sem trabalho. Em sua obra Qu'est-ce que la Propriété?, 1840 (O que é a Propriedade?), está a célebre frase: "a propriedade um roubo". Condenou igualmente a renda, os juros e o lucro. Contudo, defendia a substituição da propriedade que possibilita a exploração do trabalho de outrem pela posse pessoal, familiar e hereditária resultante do trabalho. Propôs o mutualismo como organização econômica ideal: seria uma sociedade formada por pequenos proprietários e trabalhadores, com todas as forças coercitivas de governo abolidas e substituídas por associações voluntárias autoadministradas e federadas. Essas ideias tiveram influência marcante no sindicalismo francês. Para a formação de capitais, existiria um banco diferente dos capitalistas, o Banc d'Echange, que não cobraria juros e faria circular cheques-trabalho (correspondente ao trabalho despendido na produção de um artigo). Proudhon e seus adeptos participaram ativamente dos movimentos sociais da Europa da época, opondo-se a outros reformadores e revolucionários, entre os quais os adeptos de Marx. Este criticou a obra Filosofia da Miséria (1846), de Proudhon, em um livro que intitulou, ironicamente, Miséria da Filosofia. Proudhon, várias vezes perseguido e preso por suas obras, escreveu ainda: Ideia Geral da Revolução no Século XIX (1851), Da Justiça na Revolução e na Igreja (1855) e Da Capacidade Política das Classes Operárias (1865). Veja também: Anarquismo; Comunismo; Reformismo; Socialismo.


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