Gurvitch antecipou Bourdieu e Giddens
Georges Gurvitch (1894-1965) |
Lendo Gurvitch e percebendo como certas elaborações do sociólogo franco-russo antecipam argumentos de Bourdieu e Giddens sobre as relações entre ação e estrutura.
Em Determinismos sociais e liberdade humana (1968 [1955]), Gurvitch afirma:
"As estruturas são obras que necessitam uma intervenção sempre renovada dos atos. (...) Esta dialética do ato e da obra implícita nas estruturas lhes dá a possibilidade de servir, simultaneamente, de ponto de partida de atos novos e de ponto de referência particularmente muito maleável (...) para a construção dos tipos de sociedades e de estruturas globais".
Essa maneira dialética de entender a relação entre ação e estrutura antecipou em 17 anos algo do que Bourdieu elaborou em Esboço de teoria da prática (2002 [1972]), e 29 anos o que Giddens escreveu em A instituição da sociedade (2003 [1984]).
O trecho me remeteu ao conceito de "habitus" de Bourdieu: "estruturas estruturadas predispostas a funcionarem como estruturas estruturantes". E ao argumento de Giddens sobre a estrutura como meio e resultado da ação, a "dualidade da estrutura".
Raphael Cruz
Referências
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática: precedido de três estudos de etnologia Cabila. Oeiras: Celta, 2002.
GIDDENS, Anthony. Constituição da sociedade: esboço da teoria da estruturação. São Paulo: Martins Fontes, 2003
GURVITCH, Georges. Determinismos sociais e liberdade humana. Forense: São Paulo, 1968.
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