Nostalgia como falência da crítica

Joseph Stalin (1878-1953)

Ver jovens de hoje aderir ao stalinismo é um fenômeno interessante para mim.

Isso porque quando me politizei, entre o final dos anos 1990 e início dos 2000, era o trotskismo, o autonomismo marxista e o (neo)anarquismo que se apresentavam como as escolhas mais prováveis para quem, como eu, circulava entre a cena punk e o mundo dos movimentos sociais.

Naquele período, o stalinismo era visto por mim, e por aqueles como eu, como uma "coisa de coroa" e de burocratas sindicais filiados ao Partido Comunista do Brasil ou ao Partido Comunista Revolucionário.

Que em 2022, uma parte dos jovens se pareça com os "tiozões" de minha juventude, mostra o quanto aquele clima de crítica de esquerda à experiência da URSS foi substituído pela idealização acrítica do período stalinista.

Penso que todos esses anos de barbárie neoliberal podem ter promovido essa "saudade" de um passado idealizado, e que esta tem funcionado como vetor de certa "identidade" socialista contemporânea.


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O socialismo passa a ser associado, neste Zeitgeist, não mais com a crítica implacável da desigualdade promovida pelo capitalismo e nem com a autocrítica das experiências socialistas, mas com o culto à Stalin, espécie de paizinho nostálgico.

O triunfo desta nostalgia significa o fracasso da crítica e da autocrítica na formação política dessa juventude. E o fracasso da crítica tem sido, ao longo da história, o pai das derrotas.


Raphael Cruz

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