Etnografando caminhadas




Escrevi um capítulo para este livro sobre antropologia das  mobilidades, organizado por Candice Vidal e André Guedes.

A obra foi lançada por meio do selo editorial da Associação Brasileira de Antropologia.

O texto é baseado nos dados de minha pesquisa junto aos extrativistas artesanais do litoral piauiense entre os anos de 2015 e 2019.

O capítulo por mim escrito foi intitulado de Andar e viver tranquilo: movimento e estabilidade no litoral piauiense

Argumento que a mobilidade dos extrativistas por Ilha Grande é parte constitutiva de sua territorialidade. 

Descrevo como meus interlocutores de pesquisa valorizam o ato de andar pela ilha em busca de peixe, marisco, caranguejo, camarão, caju, murici e puça.

Mostro como andar é uma forma de estabilizar suas vidas, pensadas enquanto indissociáveis dos movimentos implicados no extrativismo. 

Argumento sobre a existência de uma "tranquilidade movimentante" enquanto estado de espírito. 

Neste capítulo, busquei amadurecer uma ideia que surgiu durante a escrita da tese de doutorado.

Basicamente, tentei dar visibilidade ao cercamento de terras como uma espécie de cercamento de pessoas.

Um esforço de antropologizar as discussões da economia política agrária em torno do land grabbing.

Nos últimos parágrafos deste capítulo, comentei sobre minha experiência de trabalho de campo entre os extrativistas como um trabalho de corpo.

No momento, encontro-me escrevendo outro capítulo sobre a referida experiência para um livro a ser publicado em 2022. 

Os textos estão associados, apesar de estarem em livros diferentes.

Possuem reflexões etnográficas sobre o movimento dos extrativistas na mata e sobre os meus próprios entre eles durante minha pesquisa de doutorado. 

Essas reflexões fizeram-me aproximar-se involuntariamente das discussões sobre mobilidade desde uma perspectiva antropológica.

E tem sido instigante escrever sobre isso. 


Raphael Cruz


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