Miséria à americana

Barbara Ehrenreich (1941-)


Uma jornalista com espírito de socióloga, Barbara Ehrenreich resolveu viver como uma "trabalhadora de baixa renda" e compartilhou sua experiência no livro Miséria à americana: vivendo de subempregos nos Estados Unidos.

Ela experimentou empregos como garçonete e faxineira, atendente em asilo e balconista na Wal Mart entre 1998 e 2000 nos EUA.

Ehrenreich queria compreender como alguém consegue viver com os salários pagos aos não especializados e como mulheres vivem com 6 ou 7 dólares por hora.

Com um texto que flui, mas sem as teorizações comuns nos escritos científicos, a autora apresenta, a partir de sua experiência, um quadro da vida da classe trabalhadora e dos pobres que vivem o avesso do sonho americano.

Ehrenreich é bastante sensível às clivagens de gênero e de etnia que atravessam sua experiência como uma mulher branca e de meia-idade de passagem por um mundo geralmente habitado por negras e latinas.

Conclui que os "pobres trabalhadores" são os "maiores filantropos de nossa sociedade. . Negligenciam os próprios filhos para que os filhos de outros sejam bem cuidados; vivem em habitações péssimas para que outros lares fiquem brilhantes e perfeitos; suportam privações para que a inflação seja baixa e o preço das ações, alto. Ser um pobre trabalhador é ser um doador anônimo."

Como disse uma de suas colegas de trabalho, Gail, "você dá e dá".

Seguindo esta afirmação, um sociólogo pode dizer que uma "reciprocidade negativa" ordena a relação salarial, em que o trabalhador dá ao patrão e a sociedade muito mais do que recebe na forma de salário e de reconhecimento social, que o capitalismo se apresenta para o proletariado antes de tudo como um sistema de sacrifício.

 

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