Ódio constrói

 Fortaleza. Ônibus Aguanambi II.

Duas senhoras de meia-idade conversam. 

Uma delas, fala, — Minha vizinha fez o pedido para uma ressonância, mas quando chegou sua vez na fila já fazia cinco anos que ela morreu de câncer. 

Tragédias como essa são ouvidas e contadas cotidianamente em filas de supermercado, paradas de ônibus e terminais rodoviários.

O desafio é não naturalizar essas tragédias, apesar da repetição. 

O desafio é entender as causas desses acontecimentos e combatê-los na raiz. 

Apesar de todo o leriado atual sobre “mais amor” não esqueço de ser necessário a “capacidade de odiar” esses fatos para não se acostumar com eles. 

O ódio (como o amor) constrói. 


Raphael Cruz


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